quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Documentos que fariam referência a secretarias municipais de Blumenau são encontrados incendiados em terrenoPolícia vai investigar a queima dos documentos

Pedaços de cheque no valor de R$ 20 mil e documentos que fariam referência a secretarias municipais foram encontrados queimados terça-feira na Rua Maria Müller Gieseler, no Bairro da Velha, em Blumenau. Uma denúncia levou o promotor da Moralidade Pública Gustavo Mereles Ruiz Diaz ao local, junto às polícias Militar e Civil, que tem 30 dias para examinar o que foi coletado. O Instituto Geral de Perícias (IGP) também recolheu resíduos para análise. O material estava em um terreno em frente à casa da empregada doméstica Ivanir Gieseler, que teria incendiado os documentos. Ela trabalha para o secretário de Articulação Política, Edson Brunsfeld, nome que aparece em cartões, aparentemente de campanha, que estavam em meio às cinzas. 

Ivanir admitiu ter queimado os documentos, mas negou que pertencessem a Brunsfeld. Garantiu que eram jornais e documentos pessoais, frutos de uma limpeza de fim de ano. 

— Não tem nada do Brunsfeld aqui. Queimei papéis velhos, depois que fizemos uma limpeza nas minhas gavetas. Não vejo mal nenhum nisso. Talvez, tivessem papéis da prefeitura porque assinamos documentos para colocar o nome da minha mãe na rua —  explicou Ivanir, que trabalha há 20 anos com o secretário. 

Quando a reportagem chegou ao local não havia mais fogo, apenas cinzas e pedaços de papel. O marido da emprega doméstica, Doralécio, informou que os materiais foram queimados segunda-feira. A esposa de Brunsfeld, Fabiana Manarim, também apareceu no local e acompanhou a perícia do IGP. Garantiu que não tinha nada do marido no terreno onde foram queimados os documentos. Questionada se esteve na casa da funcionária no dia anterior, a mulher do secretário disse que sim, mas negou que tenha acompanhado a destruição do material. Pouco antes, porém, Ivanir negou que a patroa tivesse ido à casa dela na ocasião. 

O caso ocorreu um dia após o Grupo de Atuação Especial e Combate à Organizações Criminosas (Gaeco) deflagrar no município a Operação Tapete Negro, que investiga denúncia de possíveis crimes contra a administração pública, fraude em licitações, desvio de verbas públicas e formação de quadrilha. Na segunda-feira, foram apreendidos documentos, arquivos, pastas e materiais de informática. Agentes cumpriram 34 mandados de busca e apreensão nas secretarias de Obras e Serviços Urbanos, na Companhia Urbanizadora de Blumenau (URB), na Diretoria de Compras, que responde à Secretaria de Administração, e também em casas e empresas. Cerca de 30 pessoas estão sendo investigadas, mas os nomes não foram divulgados até ontem. Na segunda-feira, a força-tarefa foi à residência de Brunsfeld. Agora, o caso está a cargo da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público. 

O promotor Ruiz Diaz, autor da investigação que começou em 2006 e deu origem à Operação Tapete Negro, diz que é muito cedo para avaliar se a queima de documentos tem relação com a ação de segunda-feira. 

— Ainda acho prematuro falar sobre isso. A operação de ontem (segunda-feira) ainda corre sob sigilo e nós não tivemos acesso aos documentos apreendidos. Vamos aguardar para então saber se há relação ou não. 

Terça-feira à tarde, após coletiva no Salão Nobre da prefeitura de Blumenau, o prefeito João Paulo Kleinübing disse que desconhecia o episódio e que iria conversar com o secretário Brunsfeld.

Contrapontos
O que diz o secretário de Articulação Política, Edson Brunsfeld: Negou que os documentos incendiados sejam seus.
— Não passei documento nenhum. Pra que passaria? Pode ser que tenha algum papel com o meu nome, sei lá. Ela (Ivanir Gieseler) trabalha ali em casa, algumas vezes eu dei caderno para eles marcarem jogo, é normal. Mas não sei do que se trata. 

O que diz Fabiana Manarim:Negou que os papéis queimados fossem do marido, Edson Brunsfeld. Disse que esteve na casa da doméstica no dia em que os materiais foram incendiados e que foi ao local ontem para buscar o cachorro e levar ao veterinário. 
— Os documentos não são meus, não tem nada a ver. Na segunda-feira, vim para irmos à academia juntas, depois fui embora. Não ajudei a queimar papéis. Hoje (terça-feira), estou aqui para buscar o cachorro. Somos amigas, venho aqui sempre. 

O que diz Ivanir Gieseler:Disse que está de férias desde sexta-feira e que na segunda-feira fez limpeza de papéis que estavam guardados em gavetas da casa dela. Confirmou que usou o terreno da frente da casa para queimar os materiais, mas garantiu que não havia nada do patrão, Edson Brunsfeld, ali. 
— Queimamos papéis velhos, coisas que estavam ocupando espaço.

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